segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Reticências

Minha mente divaga
Meu olhar, desorienta
Pois foco o “não foco”
E caminho em mil direções
Sem direção

Reclamo do tempo
O meu inimigo
Pois me é faltoso
Ou muito custoso
Saber que não é meu irmão


Minha mente diz pára
Mas o tempo dispara
E despreparada é minha audição
E continuo a correr
A ouvir, a sorver
A mentir e a dizer
Que minha sina é viver
Sobrevivendo

Grita, agora: Pára!

Por um instante pensei ter ouvido minha consciência

Volto a cantar
O encanto que crio,
Creio que por ser eu
Encantador e manipulador
É meu o controle

Controle?
Remota ilusão
De poder, de dominação
De querer todos sempre perto
De ser objeto
De adoração

Grita, agora: Pára!

Parece ser mesmo minha consciência.
Que em turbas se faz coro
E perturba o ser que inquieto vive em mim

Grita, silencioso: Sossegai, mar revolto!

E as ondas atendem ao Seu mandar.

E sossego.

E silencio

A confusão de ser um ‘eu’ que não é
A distração de correr sem um lugar
A ilusão de que não há tempo para tudo (pois há)
A maldição de viver só em meio a multidão

Pois silencioso grita:

Eu sou o foco
Eu sou o lugar
Eu dou sentido ao tempo
“Eu sou” e posso te fazer ser

Pleno
Um
Comigo
Com você
Com o outro

E ponto.

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